domingo, novembro 14, 2010

a Aberto

foto: minha


duas árvores escassas.
e da terra vêm um gesto que acende os olhos.
primeiro a floresta e de seguida a planície,
e uma luz que a pouco e pouco se torna ruído.
as minhas mãos dão passos miudinhos no caminho da noite
e dedilho poemas mudos até ao infinito. escrevo sobre
sementes de silêncio que se perdem na distância.
alguém há-de regá-las com olhos de água sob o luar.
á noite, há um murmúrio que aquece a pele. imagino-te
a caminhar como a corda dum violino e a tecer passos
de papel na leveza do vento como uma bailarina, líquida.
á noite o teu corpo ocupa o espaço dos meus sonhos.
repara como se movem os nossos pensamentos dentro
da noite. como as estrelas deslizam esgaçadas em nós.
há duas árvores a rasgar o sangue da noite e deixadas
ao vento entre dois versos e um sonho. noite nossa, febril!

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