sexta-feira, dezembro 10, 2010


desejei um novo dia para nós

e como a mão que agora treme pensei nessa insónia
como se rasgássemos a pele com o calor das coxas

tomámos a noite na região dos dedos e o ar
era uma espécie de morfina que entorpecia a boca
os olhos - topázios de prata - raspavam a transparência
da carne e os sentidos apagavam-se com as horas

a comunhão deitada no mutismo do espaço
torcida no vácuo caindo salgada e afogada

tínhamos este silêncio nosso
e a vontade de morrer dentro do outro baixinho

desejei que o novo dia nos trouxesse esta morte
mas parece que o diabo não nos quer como presente

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